sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sobre: Gosto de Cereja, 1997, Abbas Kiarostami

Eu - que não costumo publicar sinopses, críticas, resenhas, resumos, nada que não seja meu, aqui-, hoje quero falar desse filme "Gosto de Cereja". Me senti cheia de questões ao terminar de vê-lo.

Filme do Irã, a estranheza já começa por aí, a paisagem é bastante diferente, e a língua, pordeus... é muito diferente! Não se passa num lugar bonito, mas num deserto, o que talvez seja parte da trama. O deserto chega a ser quase um personagem no longa, e isso soa poético. Um homem comum, que planeja suicídio, procura por todo lugar que passa alguém que seja capaz de jogar terra sobre seu corpo após o ato. Certamente não é uma tarefa fácil embora ele pague bem.

E, aqui começam as minhas impressões: o protagonista parece procurar um motivo pra não fazer o que pretende e encontrar, de alguma forma, um motivo que o faça desistir, e ao mesmo tempo um cúmplice. É inegável o número de valores que o filme levanta no espectador. Não achei um bom filme, enfim, embora tenha tocado num drama doloroso, que é a vontade de morrer e a falta de coragem para terminar com a vida que já não mais se vive. Achei o final, com aquela coisa documental, bastante fria.

Fica a dica: veja! E me responda apenas uma pergunta: você aceitaria?

3 comentários:

  1. Bom, o dia em que ver o filme, eu juro que respondo mas é uma sensação, um tanto estranha...

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  2. Meu nome é Robinson, 50 anos, de São Paulo, capital.
    Não sou acostumado a opinar na internet, apenas a ler, mas este filme me deixou tão impressionado que resolvi quebrar o costume.
    Realmente acho que ele é mesmo uma obra-prima.
    Eu assisti-o três vezes e saquei algumas coisas que não havia percebido na primeira vez.
    Muita gente não captou a mensagem do "making of" no final, mas acho que matei a charada, modéstia à parte.
    Basicamente, o autor está querendo dizer que esta nossa vida não é real, que é uma mera ilusão como um filme.
    Assim como o ator se levantou da cova e saiu do filme para um mundo real, a morte também é apenas uma passagem deste nosso mundo para outro e este é que é o real, não o nosso aqui e agora.
    Os coadjuvantes felizes segurando flores estão dizendo que esse além-mundo é melhor que o nosso, que não existe ali sofrimento nem cansaço, que tudo é paz e felicidade (segundo o diretor, é claro; não vamos entrar na questão se concordamos com ele ou não!).
    Ao assistir o suicídio em câmera lenta, percebe-se que o personagem realmente se matou, sim, ao contrário de muitos que afirmam que o filme não mostra esse desfecho.
    Uma série de relâmpagos mostra o personagem fechando aos poucos os olhos arrocheados de torpor até fechá-los definitivamente no último relâmpago.
    Óbviamente, para alguém dormir dentro de uma cova debaixo de um toró não pode ser um sono normal, mostrando a consumação do ato.
    Quanto à obsessão do homem em não ter o corpo exposto ao relento, percebe-se o seu olhar preocupado em direção a revoadas de pássaros pretos durante quase o filme todo. Eles estão presentes nas estradas, no céu, nos edifícios, etc.
    Quanto ás razões que levaram o cidadão a cometer o ato, o filme não entra nessa questão, limitando-se a discutir os pré-julgamentos que definem o gesto terrível como "covardia", "insanidade", etc.
    Uma coisa a destacar também é o excelente desempenho de todos os participantes, tanto dos coadjuvantes quanto do ator principal.
    O soldado no começo do filme, dentro do carro, representando cansaço e tendo lapsos de desatenção (Hã? O que?) e lançando olhares de desconfiança para o motorista é realmente um show de interpretação, na minha modesta e humilde opinião de leigo.
    Segundo as palavras do diretor em entrevistas, seu filme é no estilo "não-óbvio" e obriga o espectador a botar os neurônios pra funcionar, o que acontece realmente.
    Acho que essa obra-prima merece entrar para o rol dos grandes clássicos de todos os tempos ao lado de outras jóias da sétima arte.
    Falei!

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  3. Preciso ver esse filme.
    Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)